Passo Fundo já viu fervilhar grupos estudantis de teatro que com suas peças geravam polêmicas, atraíam olhares e conduzia uma geração crítica. O Espaço Cênico – Festival Estudantil de Teatro surge com a intenção de discutir, valorizar e abrir um espaço democrático para os trabalhos cênicos gerados na rede escolar. Realizado sempre no mês de junho, no Teatro Municipal Múcio de Castro busca incentivar e abrir espaço para a nova geração de atores. 


O Festival abrange todos os alunos da rede escolar, a partir da 7ª ano do ensino fundamental, e durante a semana de realização apresentam esquetes cênicas de até 20 minutos. Concorrendo os troféus de melhor esquete para as três primeiras, melhor texto original, melhor ator e atriz. O Espaço Cênico conta com espetáculos de abertura e encerramento, onde os grupos convidados oferecem oficinas gratuitas aos alunos participantes do festival. Um trabalho voltado para o amadurecimento sócio-cultural desses estudantes. Pois entendemos que o teatro, como arte de expressão e comunicação direta, serve como mediador de sentimentos, sensações e emoções que transcende seu espaço primeiro: o palco. Essa transcendência fica marcada quando se busca nas raízes formadoras conjuntos que incentivam o futuro. 


Mesmo sendo um festival voltado para o público jovem, ele prima pela valorização das pessoas que iniciaram esse movimento em Passo Fundo. O troféu entregue aos participantes sempre leva o nome de algum artista, produtor, ator ou incentivador do teatro local. Como símbolo dessa ação está os integrantes do lendário grupo Teatral Delorges Caminha criado na década de 60, nome em homenagem ao galã do teatro e do cinema nacional, cujo o pai, Geolar Caminha, residia no bairro Boqueirão, em Passo Fundo, montou quase 80 peças durante 35 anos de atividade ininterruptas. A primeira delas, “Sinhá Moça Chorou” encenada no histórico Cine Real, extinto a mais de 20 ano, contou com a presença surpreendente do próprio Delorges, acompanhado da atriz Henrite Morinau. Liderados por Paulo Giongo o grupo de jovens buscou inspiração nas companhias de teatro que viajavam do Rio de Janeiro ou São Paulo de trem para se apresentar na cidade. O trabalho do Delorges cruzou fronteiras e ganhou os palcos de São Paulo e Brasília. O elenco era formado por aproximadamente 40 pessoas, entre médicos, professores, advogados, farmacêuticos e pintores. A maioria dividia o tempo entre trabalho, 3 horas diárias de ensaio no salão de um colégio da cidade e as viagens no final de semana. Teve como nome mais expressivo o ator e diretor Walter Portella, ator militante do Cinema Marginal e um dos fundadores do grupo “Pau Brasil”, atualmente “Grupo de Teatro Macunaíma”.


Desse resgate observamos, na experiência pelo contato entre alunos e profissionais uma bela tentativa de fomentação cultural. Assim, nessas três edições conseguimos articular mais de 25 grupos das escolas de Passo Fundo e região – totalizando um alcance de 300 pessoas, entre crianças e professores/coordenadores. 


 

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